Hoje, o lançamento de um vinho com a chancela “Giz, By Luís Gomes”, já não deixa ninguém indiferente, tal a forma como se impôs na região da Bairrada com vinhos que se pautam pela diferença associada a todos os condicionalismos positivos que estão por trás das suas criações.
O projecto, desde o seu início, revela-se pequeno em dimensão, mas enorme em personalidade vincada, onde nada foi fruto do acaso, mas antes teve uma cuidada base científica e conhecimento, que lhe permitiu interpretar o clima, os solos, as uvas e, no fundo, tudo aquilo que caracteriza o micro-terroir das magníficas vinhas velhas de Enxofães.
É é de vinhas verdadeiramente muito velhas que temos que falar para compreender a singularidade trazida pela edição de 2019 do branco de Vinhas Velhas. Falamos de vinhas que já se encontravam plantadas em 1930, em solos absolutamente especiais, onde a componente de calcário assume uma preponderância vincada, dominando totalmente a vinha, característica que vai influenciar de forma marcante a acidez do vinho e também a própria vinificação, com uso de quantidades menores de sulfuroso. Em conversa com Luís Gomes, percebemos que o tema acidez no vinho é uma “pedra de toque” que está permanentemente presente. As vinhas, maioritariamente de Maria Gomes e Bical, duas castas tradicionais da Bairrada, beneficiam das características do clima atlântico, que proporciona noites bastante frescas e dias mais amenos, evitando que a Maria Gomes sofra dos efeitos da “canícula”, que tantas vezes lhe traz as notas de fruta excessivamente madura, lhe retiram a acidez e tornam os vinhos mais aborrecidos e menos frescos.
Para contrariar isso, Luís Gomes é o primeiro produtor na Bairrada a iniciar a vindima das uvas brancas. E 2019 foi um ano exemplar para vinhos brancos, o que aliado às características da Vinha Velha, cujos clones são bastante diferentes dos existentes actualmente, e à sua inata capacidade para, ao longo dos tempos, se ter adaptado na perfeição às condições do clima, dos ventos, das oscilações atmosféricas, tornam-nas aptas a produzir os mais sublimes vinhos que a Bairrada nos pode trazer.
De cor amarelo citrino brilhante, exibe aromas profundos, sem notas demasiado óbvias à partida, sem exuberâncias ou excessos. Bem concentrado, com predominância para a percepção de mineralidade, a sílex, limão maduro, carácter varietal vincado, ameixa branca e flores do campo. O recurso a barrica de entre 2º e 4º ano traz-lhe estrutura e volume de boca, sem o castigar com a sua influência em termos de aroma e sabor, mostrando-se na dose certa. Na boca, esquecemos a sua juventude e temos presente apenas que estamos perante um vinho absolutamente magnífico, de recorte fino, levemente especiado, absurdamente mineral e com uma acidez marcante. O prestígio da Bairrada na criação de grandes brancos, os melhores de Portugal, passa necessária e obrigatoriamente por aqui. Vinhos de personalidade única e que transmitem o conhecimento advindo de Vinhas Velhas dotadas de uma outra sabedoria.
Foram produzidas 2.900 garrafas e o PVP rondará os 21,90 €.