Ainda sem me deter sobre o vinho apresentado por João Póvoa, um “Gene” que carrega uma história do que de mais relevante se fez na vitivinicultura Bairradina, não posso deixar de mencionar que, hoje, a região viveu um dia de glória. Hoje pudemos sentir orgulho de um vinho ambicioso, mas que apenas o é porque é de mais elementar justiça colocá-lo no Olimpo dos grandes tintos da Bairrada e, porque não, do terroir de Cantanhede.
Desde há muito que escrevemos que a Bairrada nunca será conhecida e reconhecida pela quantidade de vinho que produz. A sua afirmação enquanto região do mundo e para o mundo, passará sempre por vinhos que nos façam estremecer de emoção, que nos inebriem os sentidos e, de olhos fechados, possamos dizer “isto é Bairrada!”, inconfundível e singular.
O “Gene” é, tão só, uma enciclopédia de saberes, um arquivo que registou o conhecimento e as impressões digitais que nele se encontram agora gravadas. Nele há nomes próprios. Há a Zezinha, o João, o Anselmo, a Magda, e tantos outros mais anónimos, mas peças fundamentais de um labor incansável.
Hoje a Bairrada está de parabéns porque, mais uma vez, mostrou que, sendo pequena em tamanho, é gigante nos vinhos que dá ao Mundo.