Os vinhos do Porto Branco, não obstante representarem apenas 10% de toda a produção de vinhos do Porto, existem desde os primórdios destes grandes vinhos do Douro. Nesse tempo o plantio das vinhas na região não obedecia a regras específicas e as castas tintas e brancas eram cultivadas em conjunto e, na altura da vindima, eram misturadas.
Foi já após a crise da filoxera, que atingiu o Douro na segunda metade do século XIX, que, na replantação das vinhas, as uvas brancas passaram a ter um plantio separado das tintas e, a partir de então, ter-se-ão iniciado os vinhos do Porto brancos tal qual os conhecemos nos dias de hoje, principalmente com as castas Malvasia Fina, Códega, Malvasia Rei, Gouveio, Viosinho e Arinto.
Em termos de longevidade, os brancos são tão longevos quanto os tintos. Uma curiosidade interessante nestes vinhos é o facto de, com o decorrer do tempo de guarda no casco, o vinho vai tornando-se cada vez mais escuro, por oposição aos Porto tintos, que se tornam mais claros com o decurso do tempo. Hoje são já algumas as casas que deixam envelhecer nobremente os Porto brancos durante algumas décadas, conseguindo apresentar ao consumidor vinhos absolutamente magníficos.
E, distraídos com as casas mais clássicas, por vezes não reparamos nas sublimes iniciativas de produtores com menos pergaminhos históricos. E nós é que ficamos a perder.
A Quinta do Mourão, donde é oriundo este S. Leonardo 40 Anos White, nasce com os actuais proprietários em 1972, sendo adquirida por Mário Braga, juntamente com outras quatro propriedades. Actualmente são já os seus herdeiros quem comandam o navio de um projecto empenhado em garantir a modernização e sustentabilidade.
Sobre o vinho em si, não posso conter a surpresa que me causou desde o momento em que o desarrolhei. Elaborado a partir das castas Codega, Cerceal e Viosinho, revela no copo uma cor âmbar dourada, expressando-se com uma monumental riqueza aromática, onde comandam o figo preto seco, a avelã, mel. Na boca, impõe-se uma acidez que comanda a prova, balanceando na perfeição a doçura, tornando-o muito harmonioso e consistente. Absolutamente completo, mostra uma persistência de boca rara num qualquer generoso, permanecendo no palato numa infinitude de minutos. É um Porto branco de excepção!