Produtor: Quinta do Noval
Tipo: Tinto
Castas: Touriga Nacional
Enologia: Carlos Agrellos
Teor Alcoólico: 14,0%
Acidez Total: 5,2 g/l
O inequívoco aquecimento global e as alterações climáticas colocam o Douro no centro de uma discussão que, no futuro, poderá implicar a redefinição do atlas vinícola, com mudança em direcção a novas latitudes e, também, novas altitudes.
Em 2017, o Douro terá vivido o ciclo mais seco de sempre, encontrando-se as temperaturas médias cerca de 1,9 graus acima do valor padrão, tendo por base dados desde 1947.
Outro dos problemas colocados ao Douro é a diminuição da produção, que, nos últimos 15 a 20 anos, terá baixado cerca de 20%, para uma produção próxima das 3,5 toneladas por hectare, o que fica muito distante, por exemplo, das 14 toneladas por hectare do Novo Mundo.
Também na Quinta do Noval este progressivo aquecimento se fez sentir na vindima de 2017, tendo-se atingido temperaturas em Junho de 42-44°C, com a inevitável antecipação da vindima que começou a 17 de Agosto para os brancos e a 21 de Agosto para os tintos e vinhos do Porto. A sorte e a fortuna, porém, estiveram de feição para a Noval, suportando as vinhas com galhardia a escassez de água e as elevadas temperaturas, o que permitiu que a vindima se realizasse com a uva em excelentes condições fitosanitárias, mantendo-se o clima quente e sem pluviosidade até ao término da vindima a 28 de Setembro.
O vinho em prova é, sobretudo, uma expressão perfeita dos quatro factores em jogo na sua criação: a exemplaridade da casta (Touriga Nacional), a expressão da viticultura naquele específico terroir, as condições climáticas do ano e um brilhante trabalho de harmonização na Adega. De cor vermelho violeta, revela um nariz, profundo e intenso, com expressivas notas simultaneamente florais e frutadas, apontamentos de pimenta, pungente, com muita elegância e perfeito equilíbrio. Na prova de boca é, desde logo, notória a percepção do ano quente, com presença alcoólica, entrecortada pela mineralidade evidente. Cereja preta madura, violetas e chocolate preto são a tónica dominante neste vinho que foi fermentado em cubas de inox durante 10 dias e estagiou em barricas de carvalho francês (maioritariamente usadas) durante 10 meses até ao engarrafamento.
Quando falamos destes vinhos do Douro, encontramos neles sobretudo o conforto, a irrepreensível harmonia e uma qualidade que resulta de um saber de mais de três séculos com o objectivo de proporcionar prazer ao Homem. Será um dos mais equilibrados e bem feitos tintos provados em 2020.