…será bom que valorizemos igualmente os pequenos mas muito lúcidos projectos…


Se Portugal necessita dos grandes “players” que exportam e nos colocam nos mercados mundiais, será bom que valorizemos igualmente os pequenos mas muito lúcidos projectos de “garagem”.  O Alberto Almeida é um dilecto filho das Terras de Sicó, onde, ao longo de mais de uma década, cuidou, tratou e vindimou com as suas próprias mãos vinhas que variam entre os 70 e os mais de uma centena de anos. Fiel a princípios e sem atalhar caminho, foi escolhendo o perfil que entendia ser o que melhor retrataria um terroir que oscila entre encostas e pequenas planícies e onde a viticultura tradicional é quase um acto temerário.

Os anos de experimentação trazem agora à nossa beira 2 vinhos (o terceiro será um espumante que há-de estagiar largos anos antes de ver a luz do dia) de cariz tradicional e onde a aposta nos vinhedos antigos é, sobretudo, um modo de estar. De vinhos criados na vinha, teremos um tinto onde a Baga domina, mas também onde surgem apontamentos de Bastardo, Rufete e Grand Noir, criando um vinho fresco, tradicional, aberto, e ao qual o estágio em barrica de carvalho francês usada apenas limou as arestas, mantendo-lhe totalmente intacta a personalidade forte e vibrante que revela.

O branco é um caso sério de interpretação de uma casta cuja tempo de colheita tem que ser definido no momento certo para não permitir a quebra de acidez, nem o aumento incontrolável do teor alcoólico (Maria Gomes), a que se juntam a Bical e Rabo de Ovelha, criando um vinho sério, sem condescendências comerciais e com uma vertente gastronómica apuradíssima.

Será um gosto apadrinhar e apoiar este projecto.