Não há nada que nos alimente mais a alma que, após uma longa e desengonçada viagem de duas horas por entre curvas à beira de precipícios, chegarmos a um restaurante e sermos presenteados pela afabilidade de um sorriso e mesas fartas.
Um dos segredos da melhor cozinha que se pratica nesta vila nortenha está guardado neste “O Lagar”, restaurante nascido numa antiga adega em terra de azeite e que ainda mantém vestígios desse passado.
A refeição é de uma nobreza altiva, aquela que recheia as mesas ainda antes de nos sentarmos, com o pão, azeitonas curadas localmente, os queijos, o salpicão e uma das melhores saladas de tomate e cebola que já comi na vida. Aos frios seguem-se os pratos quentes, com uma sopa rica de legumes que nos afagou o estômago e nos preparou para o rico sabor da alheira.
Um dos segredos da melhor cozinha que se pratica nesta vila nortenha está guardado neste “O Lagar”
Nos pratos principais, preserva-se a tradição das lagaradas, com um Bacalhau Assado no Forno, com uma batata corada assada e legumes, havendo ainda espaço para uma tenra Posta de Vitela grelhada com Migas de Tomate.
Estes foram os pratos ali provados, mas o restaurante brinda-nos com muitas outras opções, das quais retive o Ensopado de Javali, a Galinha Caseira de Cabidela ou as Favas com Entrecosto, pratos que terão, com certeza, levado este templo da boa gastronomia do Norte a receber uma alta recomendação do Boa Cama, Boa Mesa.
Com uma carta de vinhos bem agradável, no final da refeição há sempre lugar para um doce, do qual destaco uma curiosa Panacotta de Castanha com Amêndoa e Moscatel do Douro.
Vale muito a pena uma peregrinação a’ “O Lagar”, onde a comida de conforto se alia a uma anfitriã que nos faz sentir em casa.