A singularidade dos bons espumantes da Bairrada faz-se de uma conjugação harmoniosa entre dois factores: a elevada acidez e o reduzido teor de açúcar, trabalhado na escolha do licor de expedição que há-de definir o vinho que se deseja. Este “Da Mina”, by Tozé Carvalho quis desafiar os limites – é um “Brut Nature” ou “Zero Dosage” e possui quase 9 g/L de acidez total – e foi trabalhado ao detalhe para nele conseguir potenciar todas as características que definem a região e, ao mesmo tempo, criar um espumante prazeroso à mesa. Sim, é um espumante com uma enorme vertente gastronómica, sem prescindir da finesse e elegância.
Com um aspecto cristalino e cor amarelo citrino, mostra uma bolha fina, com um persistente e lento cordão.
No nariz, predominam os aromas cítricos, começando a surgir ainda de forma ténue os frutos secos e as notas de panificação que um estágio de 12 meses em garrafa ainda não lhe permitem exprimir, mas faz-nos antever que chegará longe em complexidade com um estágio mais prolongado. Na boca, marca-nos logo pela intensa frescura, cujos excessos são temperados pela untuosidade da Chardonnay que lhe confere estrutura e volume.
É inevitável que comparemos este estreante com os seus congéneres de igual estirpe criados por casas de experiência quase secular na arte de fazer espumantes. E, a verdade, é que não podia prever melhor início de carreira ao jovem produtor e enólogo do que este espumante tão bem conseguido, nascido de vinhas próprias plantadas num solo inédito da Bairrada, onde o calcário deu lugar ao xisto, ali nas franjas da Serra do Bussaco.
Só foram produzidas 2.800 garrafas e estará à venda ao público por um preço que rondará os 9 a 10 euros, estimando que, se a procura for idêntica à qualidade, as quase três milhares de garrafas voarão num ápice.