Se quisermos falar da expansão da divulgação da casta rainha da Bairrada pelo mundo, temos que regressar a meados dos anos 80 do século passado, quando um homem com uma visão muito além dos seus pares, calcorreou países tão díspares como França, Reino Unido, Estados Unidos e Brasil, vendendo o conceito de um terroir muito especial e uma uva que apenas precisava de ser estudada para criar vinhos de topo. Da sua boca saía uma palavra tão simples, fácil de pronunciar quer estivéssemos na França ou na China – BAGA.
Com óbvios resultados, Luís Pato transformou uma casta anteriormente maldita, numa referência na criação de vinhos que se confunde com a própria região onde ela nasce e encontra o seu esplendor.
Se os primeiros passos foram dados por aquele que ainda é o mais inquieto produtor da Bairrada, a criação da associação BAGA FRIENDS em 2010 veio dar dimensão colectiva a um conceito de vitivinicultura caracterizado pela preservação da tradição, das práticas seculares e do enaltecimento de uma casta que, representando, há cerca de 30 anos, quase 90% do encepamento da região, conhecia mais recentemente uma recessão significativa.
Luís Pato, Filipa Pato, Quinta das Bágeiras, Sidónio de Sousa, Niepoort, Quinta da Vacariça e Palace Hotel do Bussaco, são estes os 7 Magníficos que compõem esta associação que na cerimónia de entrega de Prémios da revista Grandes Escolhas foi agraciada com o Prémio de Associação Vitivinícola do Ano, homenagem pelo trabalho que ao longo dos últimos 8 anos desenvolveram tendo por foco uma casta definidora e patamares de exigência muito elevados.
Mas, se aquilo que os caracteriza é a defesa de uma casta, há nos seus membros uma heterogeneidade que revela também a versatilidade interpretativa da Baga, que vai dos vinhos abertos, frescos e ligeiros da Niepoort até à densidade impenetrável dos Baga retintos e tânicos criados por François Chasans, na Quinta da Vacariça. Depois há toda uma identidade própria dos vinhos de vigneron da Quinta das Bágeiras, muito pessoais, falsamente intuitivos, porque trazem consigo a sabedoria de gerações. Os tintos do Bussaco são, igualmente, um mundo à parte, que se rege por regras e costumes do antigamente, quando os mais ilustres produtores da Bairrada loteavam vinhos da Bairrada com os seus congéneres do Dão, criando obras primas singulares e de uma beleza inigualável. Depois temos Luís Pato e Filipa Pato a quem os une um apelido e laços de sangue, contudo, não obstante beberem ensinamentos um no outro, têm percursos e vinhos que espelham a personalidade de cada um, sendo, por isso, inconfundíveis. Por fim, surgem os vinhos robustos da Sidónio de Sousa, igualmente com uma identidade muito própria, assente na estrutura, acidez vincada e uma elegância que notabiliza os seus tintos e os torna referência a nível nacional e internacional.
Cada um seguindo o seu caminho, há neste grupo uma sensação de que, juntos são mais fortes, complementando-se, mostrando que é possível ser clássico sem virar costas à modernidade, vincando sempre, entre portas e no estrangeiro, que, aqui, está o futuro da região.