Um Mundo de Oportunidades

Os últimos dados estatísticos referentes aos anos de 2017 e 2018 mostram que há todo um mundo de oportunidades à mercê da Bairrada, saibamos nos ler esses números e interpretá-los a nosso favor.

Depois de 2016 em que, pela primeira vez em duas décadas, vimos as exportações a recuar, fruto da abrupta queda das vendas para o mercado de Angola, 2017 e 2018 trouxeram-nos vários motivos para sorrir.

 

América, a terra dos sonhos

Um dos dados mais surpreendentes chega-nos dos Estados Unidos. Após um curto franzir do sobrolho com receio de políticas proteccionistas, a realidade mostrou tendência absolutamente contrária com um aumento das compras daquele que é hoje o maior importador mundial de vinhos. E, sobretudo, naquele item que interessa a regiões como a Bairrada que pretende destacar-se pela qualidade: as compras em valor em comparação com as compras em volume. Para estes resultados muito contribuiu a forma como os maiores “influencers” do vinho americanos passaram a ver os vinhos da Bairrada, atribuindo-lhes elevadas pontuações e várias menções elogiosas, sobretudo pela singularidade do Terroir e das castas. Mantendo-se esta moda dos vinhos da região, os EUA terão necessariamente que ser uma aposta muito séria, sobretudo porque este mercado compra vinho português a valores bastante acima da média.

 

O “achamento” de Portugal

No ano em que Portugal atinge o muito interessante nono lugar do ranking mundial de exportações de vinhos, o Brasil parece definitivamente ter “achado” os vinhos portugueses e, por via disso, também os vinhos da Bairrada. Há toda uma química e uma curiosidade associada, cujos resultados são muito expressivos nos dois últimos anos. Em 2017, o Brasil aumentou as suas compras em 55% em volume e em 60% o valor. Em 2018, a compras mantiveram-se em valores muito gratificantes, tendo aumentado quase 30%. Os próximos anos, tendo em conta a evidente melhoria da economia brasileira, serão de oportunidades para os vinhos da Bairrada, cabendo-nos aproveitar não só a proximidade linguística e ligação emocional, como também o interesse mostrado por vários importadores em apresentar nas mais exclusivas montras brasileiras os melhores vinhos que esta região nos traz.

 

Angola – a mudança de paradigma

Após uma década dourada, Angola quase se transformou num pesadelo para os vinhos portugueses em 2016, fazendo acender um intenso sinal vermelho. A situação compôs-se um pouco já em 2017 e 2018, mas com uma significativa mudança de paradigma que nos deve fazer reflectir se é este o caminho que desejamos. A quebra foi mais significativa nos vinhos DO (18%) e IG (52%), notando-se crescimento nos vinhos indiferenciados a granel, não certificados, que cresceram 15%. Perante esta mudança, que pode ainda não ser tendencial e duradoura, cabe aos agentes económicos adaptar-se ou então procurar outros mercados emergentes que nos garantam aquele que deve ser o “core business” da região: vender vinho de qualidade, que identifiquem a identidade da região e a preços mais atractivos.

Num mundo cada vez mais global, as oportunidades para a região são imensas, podendo o espumante, que em termos nacionais representa só 10 milhões de euros de exportações, vir a tornar-se a nova estrela das vendas para o estrangeiro. Há uma enorme curiosidade a despontar sobre os vinhos portugueses e todos os dias surgem novos potenciais mercados – Rússia, Dinamarca, México – ávidos pela surpresa. Não podemos perder a carruagem que nos conduzirá ao sucesso.

Numa próximo artigo falaremos mais especificamente dos espumantes e, sobretudo, da importância da certificação como mais valia nas exportações.