Foi já nos idos anos 20 do século passado que Messias Ferreira Baptista, natural da secular Vacariça, fundou a empresa vinícola Caves Messias. Apesar de ter a sua sede na Mealhada, desde cedo o empresário alargou os seus negócios a outras regiões, sobretudo ao Vinho do Porto, onde, já no ano de 1929, figurava como o maior fornecedor de aguardente vínica para benefício do vinho do Porto. Na década seguinte, de forma visionária, já Messias Baptista havia adquirido extensos armazéns onde envelhecia em casco milhares de litros de vinho do Porto, tornando-se, um dos grandes exportadores daquele vinho generoso, sobretudo para o Brasil, que ainda hoje é um dos mais fortes mercados onde a marca se implantou.
Foi bem perto das suas instalações de Vila Nova de Gaia, no duplamente estrelado Michelin, The Yeatman, que as Caves Messias organizaram ontem um Jantar Vínico destinado a mostrar os seus maiores sucessos de vendas e uma surpresa que deu um brilho singular à noite.
Os anfitriões foram três dos administradores da empresa familiar, Messias Vigário, José Vigário e Margarida Valente, esta chegada à empresa, na qual operou uma pequena e tranquila revolução em nome da modernidade que preserva o classicismo desta casa que completará 100 anos em 2026. Na cozinha e aos comandos do fogão estava Ricardo Costa, o Chef natural de Aveiro e que desde a abertura do The Yeatman, em 2010, assume a função de Chefe Executivo, tendo sido com a sua liderança que o restaurante alcançou a primeira estrela em 2011 e, já em 2017,a segunda.
As hostilidades iniciaram-se à mesa com o Foie Gras de entrada, com maçã e enguia, seguido de Carabineiro, Bloddy Mary, Tupinambo e Molejas. Para refrescar o prato, foi servido o Quinta do Valdoeiro Chardonnay 2017, um Bairrada absolutamente mineral que teve fermentação parcial em barrica de carvalho. Para a vertente piscícola do jantar, foi servido o Bacalhau com arroz frito, sames e algas, prato que a head Sommelier Elisabete Fernandes decidiu acompanhar com a elegância perfumada e floral do jovem do Dão, Quinta do Penedo Encruzado 2017. Para o robusto Messias Bairrada Clássico Garrafeira 2013, tinto taninoso, fresco, estruturado e longo, sugeriu-se o Cordeiro de Leite em Chanfana, com grelos e queijo da Serra. A terminar em doçura, serviu-se a Tangerina em diversas texturas e interpretações, que harmonizou em perfeição com o Messias Colheita Port 2003 e, o vinho que nos encantou, o superlativo Messias Colheita Port 1947, uma verdadeira obra-prima com 71 anos de idade.
O jantar, que não foi apenas um pormenor, contou com a calorosa afectividade desta família que coloca a cumplicidade franca no relacionamento entre si como factor crucial, facto também revelador que a saúde desta empresa é forte e o conceito que fez singrar é genuíno e será duradouro.