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A casa de “Zé Tila”

Quis o acaso que, ontem, tanto o almoço, como o jantar tenham sido por terras da Gândara, contíguas à Bairrada, é certo, mas de solos arenosos, que também dão belos vinhos. Se, pelo meio dia, a estrada nos levou até Cantanhede, pela noitinha, a convite do meu amigo António Paulo Rodrigues, o “Boss” do Rei dos Leitões, rumámos até Mira (Portomar) para a minha estreia no Zé Tila.
Aviso desde já que não procurem nas vossas aplicações de GPS o nome por que é conhecido a famosa casa de pasto e café. Este estabelecimento que conta com 40 anos de liderança do José Frajuca e da sua mulher Graça, dá pelo nome de Café A Chave, e situa-se na Praça 5 de Outubro, em Portomar.
Eu diria que seria um verdadeiro exagero chamar-lhe restaurante, porque o que ali se nos sugere é uma casa onde se gosta de receber muito bem os amigos. E é esse o ambiente caloroso que ali se sente. E porquê? Bom, apenas e tão só porque todas as entradas e pratos são absolutamente deliciosos e fartos.
Ontem, nos começos, os afamados rojões e um biqueirão frito, avinagrado e com um toque de alho, de chorar por mais. À falta da opípara sopa de carnes de salgadeira, que temos que encomendar com 3 dias de antecedência, para apuramento da matéria prima, quedámo-nos pelo suculento bacalhau de forno, envolvido num polme previamente frito, encimado por batata frita, cebola e uma tomatada. Um pecado!
Diz-se que, nesta casa, o Bacalhau é rei reinante, surgindo na versão “dos Enterros”, ou nos seus derivados Sames, Caras e Línguas.

Embrutecidos pelo prato principal, que os meus companheiros de tertúlia acompanharam vergonhosamente com Sumol de Laranja (achavam que me esquecia de vós, Romeu Cruz e Claudio Couceiro Cipriano?), entretivemo-nos com umas tangerinas trazidas pelo Délio, que estava na mesa ao lado, uns ovos moles da Pastelaria e Confeitaria – Ramos e umas cavacas para desenjoar.
No vinho, uma bela e jovem surpresa no VADIO tinto, da dificílima colheita de 2012. Elegante, fresco, tanino domado pelo tempo e uma acidez em ponto rebuçado para nos limpar o palato das gorduras. Para os finais, um Porto LBV, da Vasques Carvalho, casa que anda com um aprumo magnífico, tanto nos generosos, como nos tranquilos.

Saídos do “Zé Tila” que nem uns Abades, deixámos a promessa de regressar para a afamada sopa.

A Lei do Vinho

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