Produtor: Sociedade Agr. e Com. dos Vinhos Messias
Tipo: Tinto
Região: Dão DOC
Castas: Jaen 100%
Enologia: João Filipe Soares
Acidez Total: 5,2 g/l
Teor Alcoólico: 12,0 %
A Jaen já foi um dos grandes mistérios da viticultura portuguesa, sendo a sua origem desconhecida, mas cujo nome já faria adivinhar que teria por berço o país vizinho. Hoje já não reside qualquer dúvida que a uva não é mais do que a galega Mencia, casta que morou no obscurantismo e, actualmente, é a “most wanted grape” e verdadeiro ícone das denominações Bierzo, Ribeira Sacra, Monterrey e Valdeorras, marcando indelevelmente todos os grandes vinhos do Noroeste da Península Ibérica.
Em Portugal é no Dão que ela domina, ainda que, ao longo dos tempos, tenha vindo a perder peso no encepamento da região, fenómeno que está um pouco fora da minha compreensão. E tanto mais estranho me parece quando, muito justamente, ela é idolatrada mesmo aqui ao lado, produzindo vinhos enormíssimos. E só o posso entender por ser uma casta que necessita de um “carinho” e cuidado constante. Sendo extremamente produtiva e vigorosa, requer mondas severas para não se correr o risco de originar vinhos aguados, agressivos, extremamente acídulos e, naturalmente, de baixo teor alcoólico. No entanto, se tiver um cuidado permanente e uma vigilância apertada, cria vinhos perfumados, com intensos aromas a mirtilo, amora madura, cereja, que facilmente perdem as arestas e se tornam sedosamente redondos, fáceis e muito prazerosos. E tão diferentes terrosos, estruturados e vibrantes vinhos do Bierzo.
Sorte ou perspicácia, a verdade é que me calhou em prova um Jaen que me desfez quaisquer dúvidas sobre a forma como está uva cria vinhos de eleição, bastando um trabalho técnico de muito conhecimento na vinha e, depois na Adega, dar-lhe o aporte correcto para o tornar um objecto de prazer.
O Quinta do Penedo mostra uma cor rubi intensa e no nariz vai muito além da amora e da cereja, exibindo um perfil especiado, de pimenta preta e um agradável mineralidade. O facto de não ter estagiado em barrica mas em enormes cubas de cimento confere-lhe frescura e tornou-o mais leve e elegante.
Na boca mostra uma acidez harmoniosa, um tanino leve mas ainda bem perceptível, sedosidade, boa presença da fruta, equilíbrio nas suas várias vertentes e uma intensa persistência.
É um vinho de puro prazer e que me cria a vontade de me aventurar sem receios no mundo dos vinhos de Jaen.
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