Tipo: Branco
Região: Alentejo, Sub-Região da Vidigueira
Castas: Antão Vaz, Perrum, Rabo de Ovelha e Mateúdo
Enologia: Pedro Ribeiro e Catarina Vieira
Viticultura: Catarina Vieira e Armindo Araújo
Acidez Total: 6,40 g/l
Teor Alcoólico: 12,0 %
A olaria, a sua descoberta, mudou para sempre a relação do homem com a uva, permitindo através do engenho humano, a produção do vinho e, sobretudo, a sua conservação.
Datar com precisão o nascimento do vinho será ainda uma incógnita, mas recentes descobertas arqueológicas em território arménio de uma Adega completa de talhas permite-nos transportar o início de tudo para há cerca de 8000 anos. As relações comerciais entre os povos permitiram, depois, a lenta migração da plantação da vinha e do consumo do vinho de Oriente para Ocidente, através da bacia mediterrânica, crendo-se que o vinho tenha aportado nos territórios da Península Ibérica cerca de 500 anos antes do início da era cristã. Primeiro pelos gregos, depois pelos fenícios, o vinho entrava no quotidiano das casas mais poderosas e tornava-se na principal e mais valiosa mercadoria adquirida pelos habitantes dos agora territórios do Algarve e Alentejo, que o obtinham em troca de metais preciosos abundantes na Península Ibérica.
A plantação de vinha e produção de vinho sedimentam-se com os romanos que, após conquista do território, por cá permaneceram 7 séculos, sendo-lhe a eles devido o desenvolvimento das técnicas de viticultura e vinificação.
De então até à actualidade, o vinho de talha manteve-se na tradição do Alentejo, com alguns períodos de semi obscurantismo, mas, mais recentemente assistiu-se a um renascimento em glória alavancado por algumas boas casas da região. Uma das casas que o está a fazer com brilhantismo é a Herdade do Rocim que, após um aturado estudo de técnicas ancestrais, tenta replicar um tradição com cerca de 2000 anos de história, tendo por base os processos de vinificação das villae romana.
Na sub-região da Vidigueira, onde o Alentejo assume condições mais temperadas e mediterrânicas, o processo de criação deste branco em prova começou logo na escolha das uvas que garantissem melhor o resultado pretendido, ou seja, maior acidez, frescura e, porque não, caracteristicas que conferissem ao vinho um maior potencial de envelhecimento.
De um ténue amarelo dourado, o Amphora branco contraria o que se podia fazer supor de um vinho alentejano e revela imensa frescura no nariz, sugerindo algumas notas vegetais, um floral primaveril, toranja, ligeiro fumado. Na boca é profundo, seco, dando continuidade à percepção de frescura no aroma, mineral e ligeiramente salino. Sendo um vinho que pretende valorizar a tradição, tem bastantes apontamentos de elegância e o que me pareceu mais notável foi mesmo a harmonização que se conseguiu com castas bastante acídulas e que deram mote a um vinho pleno de equilíbrio. Um grande, grande trabalho de simbiose entre a viticultura e a enologia.
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